quinta-feira, 29 de abril de 2010

Destino: Bolívia - Sta Cruz de la Sierra

A decisão de ir a Bolívia veio de uma séria desilusão - a de não ter passado no concurso que venho me preparando há dois anos. Pois bem, com a sorte de ter milhas fui ao guichê da TAM. Lá descubro que teria que passar um dia em Buenos Aires pra poder chegar a Bolívia ou para voltar pro Brasil. Estendi minha parada para alguns dias em BsAs. Uiiiiiiiii!!!
Depois de deixar o pobre atendente de cabelo branco com minhas idéias malucas decido ir do Rio para Santa Cruz de la Sierra, de Cochabamba a Buenos Aires e de Buenos Aires para o Rio. O resto eu arranjava.
Lá fui eu.
Pra ir a Bolívia não se pode levar mais de 100 ml de líquido ou gel na bagagem de mão. Não adianta insistir, não vai rolar. Tive de despachar minha mochila. O serviço da TAM brasileira é tranquilo, avise que tem perfumes e vidros frágeis que eles colocam um adesivo e se necessário (a pedido do cliente) eles enviam a mala para o avião num elevador, sem arremesso, na maior boa vontade. A mochila chegou perfeita, não quebrou nenhum perfume, nenhum shampoo, nenhum nada. Mas depois dessa não arrisque mais. Na Bolívia é esporte arremessar mala. Ganha quem arremessar mais alto e com mais força. A própria atendente da aerolineas bolivianas diz que não garante e que é melhor você rearrumar a mala protegendo os itens mais frágeis. Ouvi histórias terríveis de malas destruídas. Mesmo com o adesivo de frágil a própria mala chegou quebrada!!
Depois dessa não arrisco mais. Beleza.

Bolívia - Santa Cruz

Chego a Santa Cruz às 13h, um calor dos infa! Se você não curte calor não vá em época de verão. Lá não existe ar condicionado e a temperatura regula com a do Rio de Janeiro. Entonces estavam incríveis 36°C e sem ar condicionado em nenhum lugar. Nem carro, nem taxi, nem shopping, nem banco, nem casa. Não fiquei em hotel, não sei como é.

Santa Cruz é uma cidade bonitinha. Tem coisas bacanas pra ver e passeios interessantes pra fazer, próximos ou distantes do centro. Se quiser aproveitar fique pelo menos uma semana porque tem as Chiquitanías que ficam distante e são muitas. São pequenos povoados com igrejas muito lindas. É um circuito de missões jesuítas.
El Fuerte de Samaipata também é uma boa pedida pra quem gosta de caminhada e visual. É lindo! Fica a 120km da cidade e possui um forte pré-colombiano declarado patrimonio cultural da humanidade pela UNESCO. O lugar também foi usado por Che Guevara mas como a história mesmo conta, não deu muito certo.

Para quem não tem esse tempo Sta Cruz tem cafés, restaurantes, parques e praças muito legais. A noite é animada, de terça a sábado existem inúmeras opções na cidade.

A culinária local é deliciosa. Para quem não tem pudores em experimentar a felicidade é garantida. Muitas coisas feitas de milho, arroz e principalmente Yuca! O nosso amigo aipim! Tem de tudo. Meu predileto é o sonso, um tipo de escondidinho de queijo. As empanadas são fabulosas também.


Muitas coisas com queijo. Se não disser "de charque" (carne seca) ou "de pollo" (frango) certamente leva queijo. E é um queijo diferente. Parece uma mistura do queijo qualho com o minas meia cura. Muito bom e adiciona um sabor rústico delicioso a qualquer iguaria.

Claro, tem um café no centro em frente a praça 24 de setembro o La Pascana que é lindo e bem decorado, tem 3 andares e o serviço é muito legal. Lá provei jugo de Achachairú, sonso, empanada de arroz y empanada de queso.

Mas se você gosta de ver os verdadeiros costumes locais eu sugiro Las Cabañas del Río Piraí. Nossa! Tudo feito no forno a lenha e deliciosamente variado. Provei masaco de yuca con charque (pure de aipim com carne seca), masaco de platano con queso (pure de banana da terra com queijo), cuñapé (pão de queijo), empanada de maiz (bolinho de milho), sonso a la lenha (pure de aipim recheado com queijo no espeto)e tomei uma deliciosa Chicha (suco doce e gelado de canjica). Fui lá na Cabaña Tilichi depois de uma refrescante passada pelo parque Playland - um misto de parque aquático com parque de diversões. Você dá um mergulho numa das piscinas, no meu caso passa vergonha se jogando de um daqueles escorregas gritando feito uma louca brasileira e aterrisando sob os olhares assustados dos bolivianos, e depois, de biquini mesmo, vai num daqueles brinquedos que te fazem berrar e passar vergonha de novo.

Os bolivianos são tranquilos, tem outro ritmo. As bolivianas são doces e meigas. A cruzeña é a mais carioca das bolivianas. As mulheres se juntam bebem, fumam, falam alto, riem. As bolivianas de outras localidades são mais recatadas, menos chamativas, mas muito simpáticas e solícitas. O povo boliviano em geral é muito hospitaleiro.

Para minha surpresa tem muito brasileiro lá. Muita gente vai fazer faculdade de Medicina e Odonto porque é mais barato e não exige vestibular. O mesmo acontece nas faculdades argentinas. Ao término do curso o estudante volta para o Brasil e faz uma prova teórica e outra prática em alguma universidade federal brasileira. Para alguns cursos como Turismo, que chega a valer US$ 50,00 a mensalidade numa boa universidade boliviana, não é necessário fazer a prova de equivalência. É só voltar pra terrinha e exercer. Bom, né?

Outra surpresa de Santa Cruz foi encontrar os "Menonas" - os famosos Amish. Eles foram pra lá buscando terras mais baratas e publico consumidor. Bem, como vocês ja devem ter percebido o cuzeño come queijo com queijo. E eles têm as mais variadas procedências: suiços, alemães, canadenses, americanos. Pelo menos foi o que me disseram. Eles não gostam de ser fotografados. Então foi no estilo paparazzi. As indias também não ficavam contentes com meu assédio. Me jogaram água, pedaço de pau e batata! Nem esbarrou em mim e foi o máximo.

A prefeitura (Alcaldía) fica na praça principal e é um prédio muito bonito. O entorno da Plaza 24 de Septiembre é repleto de belas construções que devem ser visitadas. A Catedral é uma delas. Os museus são gratuitos e não tomam muito tempo, como por exemplo, o Museo del Arte, Museo de la história, e Manzana UNO (de arte contemporânea). Vale a pena.

O Parque Urbano também é uma excelente pedida. Durante o dia vale uma caminhada nesse parque com pinta de jardim botânico e a noite a apresentação de um mega chafariz com iluminação e música. O Parque Arenal é um outro parque de fácil acesso e interessante de se conhecer. Muitas famílias visitam o lugar que possue também um centro cultural com exposições de artistas locais.

Santa Cruz tem uma cultura de karaoke muito intensa. Mas se você é cantor de chuveiro não se anime, as músicas são tristes e nada a ver com a cultura carioca. Se tiver alguma música em português será brega e triste. Não se arrisque, a menos que seja conhecedor e apreciador de boleros e músicas de corno. Na Bolívia não existe música do tipo "deixa a vida me levar, vida leva eu" é sempre um amor perdido, um amor impossível, ou outra desgraça.

Eu prefiro bailar ao som da popular cumbia villera, do reggaeton, da salsa e do merengue. Para tanto as opções são Elegua Salsa Dancing (Calle 24 de septiembre con Andres Ibanes) e Manizeros (Calle Monseñor Rivero). A Avenida San Martin em Equipetrol comporta várias opções para quem é pé de valsa ou para os mais tranquilos. Há bares e boates para todos os gostos.

Se o viajante pretende circular por dentro da Bolívia a melhor opção é ir a uma agência de viagens. Lá será possível comprar passagens de avião, onibus e trem e ainda verificar a disponibilidade de passeios para esses locais turísticos mais afastados. Um luxo. Não vá ao aeroporto comprar passagem (como euzinha fiz)porque a companhia mais barata, a TAM (transporte aereo militar) não possui guichês de venda no aeroporto, e nas agências a própria atendente faz uma pesquisa de preço, compara os preços de onibus e avião, briga por uma passagem pra você no caso de vôo lotado, uma loucura.

Muitos lugares não consegui visitar desta vez como o Mariposário, Río Yapacani, Porongo, e outros lugares. Pretendo voltar.

Para mais informações sobre Santa cruz de la Sierra:
http://www.mochileiros.com/santa-cruz-de-la-sierra-guia-de-informacoes-t42167.html

Até a próxima. :)

Um comentário:

  1. Vou ter que dar uma revisada na minha árvore genealógica. Essa história de músicas de amores impossíveis me fizeram questionar se não há algo de boliviano no meu sangue, hehe. Mudando de assunto, mas ainda relacionado ao seu post: viva o turismo gastronômico (já que o amor é impossível e portanto não vamos foder, que pelo menos enchamos a pança!) Beijocas.

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